Sorocaba enfrenta alerta epidêmico para sífilis
As infecções sexualmente transmissíveis (ISTs) vêm causando alerta na região de Sorocaba nos últimos seis anos. Em 2018, os casos de sífilis ultrapassaram 900 ocorrências no município — cerca de 80 pessoas diagnosticadas por mês, aproximadamente —; em 2019, os resultados parciais já passaram dos 800. Já em relação ao HIV, são 22 novos casos por mês, em média, principalmente na população jovem, dos 15 aos 29 anos, que representa 66% das ocorrências. Os dados são do Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan).
A causa desse aumento na incidência das infecções está diretamente relacionada à conscientização precária em relação aos métodos de prevenção, conforme afirma Helena Solla, coordenadora do Centro de Testagem e Aconselhamento (CTA) da Secretária de Saúde de Sorocaba. “Todas as pessoas que não se protegem das ISTs na hora H estão suscetíveis em menor ou maior grau. A falta de percepção desse risco é muito evidente nos nossos atendimentos”, ela diz.
Tanto a sífilis quanto o HIV, bem como as hepatites, atingem pessoas dos mais variados perfis, ainda que persistam muitos entendimentos equivocados sobre as formas de transmissão.
O que é a sífilis?
A sífilis é uma IST causada pela bactéria Treponema pallidum, transmitida principalmente por meio das relações sexuais sem preservativo e diretamente para o feto, em casos em que as gestantes estão infectadas. Ainda existe a possibilidade de transmissão por transfusão sanguínea, embora seja uma ocorrência rara.
A bactéria se instala no hospedeiro e, entre 7 e 20 dias após o contato, pequenas feridas começam a aparecer no local de contato com a bactérias, na região íntima, nos lábios ou mesmo na pele, sem coçar ou arder. Os sintomas podem desaparecer por anos, aparentando uma “cura”. Contudo, o diagnóstico deve ocorrer o mais rapidamente possível, uma vez que, por mais que seja uma infecção silenciosa, a sífilis pode causar lesões destrutivas na pele, na mucosa e nos sistemas cardiovascular e nervoso, podendo inclusive levar à morte.
Até pouco tempo atrás, a sífilis, o HIV, as hepatites e outras infecções eram conhecidas como DSTs, ou doenças sexualmente transmitíeis. Desde 2016, o termo mudou para ISTs, com a substituição de “doença” por “infecções”, por indicação da Organização Mundial da Saúde (OMS). A justificativa é que o termo DST é limitado e que a palavra “infecção” destaca a possibilidade de uma pessoa não apresentar sinais e sintomas, como ocorre muitas vezes com a sífilis nos períodos assintomáticos.
Conscientização
O curso de graduação em Biomedicina da Universidade de Sorocaba (Uniso), em parceria com a Secretaria de Saúde de Sorocaba, está desenvolvendo um projeto de extensão voltado ao diagnóstico da sífilis e de outras três ISTs — HIV e hepatites B e C. Além dos testes, a equipe, coordenada pelo professor doutor Rômulo Tadeu Dias de Oliveira, oferece palestras educativas sobre as principais ISTs e os modos de prevenção. As atividades acontecem em escolas, empresas e locais de ação social. O último plantão se deu na Praça Cel. Fernando Prestes, no fim de novembro.
“Para o próximo semestre, estamos programando atividades dentro do ambiente universitário, tendo em vista o aumento de casos notificados na população de 20 a 29 anos”, reforça o professor.
“Por meio do projeto, podemos diminuir um pouco a incidência de casos positivos. A prevenção começa pela informação, que tentamos transmitir de maneira lúdica, porém objetiva”, conta Paula Munhoz de Barros, 19, uma das estudantes envolvidas no projeto.
Prevenção e tratamento
Doenças como a sífilis podem ser detectadas por exames gratuitos, simples e rápidos, cujos resultados levam apenas alguns minutos para sair. No caso da sífilis, o diagnóstico nos primeiros estágios de infecção aumenta as chances de cura. Mas a palavra-chave continua sendo a prevenção.
“Em primeiro lugar, com relação à prevenção, deve ficar claro que o contato sexual deve ser feito de modo seguro, com o uso de preservativos, masculino ou feminino. Deve-se, também, evitar situações que diminuem a percepção do risco, como o uso de drogas, tanto as lícitas quanto as ilícitas”, adverte Solla.
Com relação aos procedimentos pós-exposição, o CTA oferece em Sorocaba todo o atendimento necessário para o encaminhamento dos casos positivos. O CTA fica localizado na Rua Manoel Lopes, 220, na Vila Hortência, funcionando das 8h às 15h30, de segunda a sexta-feira.
Agência Focs / Jornalismo Uniso
Texto: Celinne M. Nishimura, Vinicius Lara e Vanessa Godinho
Imagens: Giúlia Henriane e Vinicius Lara
Imagens: Giúlia Henriane e Vinicius Lara