Alunos do curso de Moda reproduzem trajes da deusa Iemanjá em comemoração ao Mês de Consciência Negra
Oficina faz parte do projeto de extensão costurando com a cultura afro-brasileira
Por Lucas Silva (Agência Focs – Jornalismo Uniso)
Iemanjá é um orixá (divindade africana) das religiões Candomblé e Umbanda. Conhecida como Afrodite brasileira e mãe dos Orixás. Segundo a mitologia, Iemanjá é a divindade do rio que deságua no mar. Ela é filha de Olokun, o Orixá rei dos oceanos. O rio que representa Iemanjá e sua história é o Rio Ogum, localizado no estado de Oxum, na Nigéria.
Conhecida pelas vestes azul e branca, com uma adê (coroa) análoga da realeza, e um abebé (leque), Iemanjá foi o tema da terceira edição do projeto de extensão do curso de moda, costurando com a cultura afro-brasileira.
A frente do projeto a aluna do quarto período do curso de moda Giovanna Izac. Segundo Giovanna, a oficina no Mês da Consciência Negra contribui tanto para o conhecimento da cultura estilística e das origens africanas, quanto para o debate sobre o embranquecimento de símbolos da cultura negra.
“Na religião negra africana, Iemanjá, claro, é uma mulher negra, além disso, é uma mulher de seios fartos, de quadris largos, um símbolo de fertilidade. Então representá-la como mulher magra e branca é um apagamento completo do que representa Iemanjá. Ela foi embranquecida para ser disfarçada como Virgem Maria. Esta foi a maneira que os negros encontraram para seguir suas religiões quando vieram como escravos ao Brasil. Desmistificando isso e contando as verdadeiras raízes de Iemanjá, achamos um jeito de acabar com a opressão”, conta Giovanna.
O interesse dos alunos pela cultura africana tem sido algo recorrente, segundo conta prof. me. Aymê Okazaki. “ O projeto já teve algumas oficinas durante o ano, sempre falando dos orixás, a ideia é reproduzir os trajes e levantar um debate sobre o tema, sempre com um olhar crítico. Neste mês a temática é o embranquecimento de Iemanjá”, afirma.
A oficina rendeu belas peças explorando as características físicas e ornamentais conhecidas da deusa e com um toque de criatividade dos alunos. As peças ficam expostas no ateliê de moda do bloco D, para que mais pessoas conheçam a história da mãe dos Orixás.