O Impacto das Fake News e a Luta pela Informação de Qualidade
Por Agência Focas – Jornalismo Uniso
A disseminação de fake news e a intensificação da desinformação são desafios enfrentados pelos comunicadores da era digital. A facilidade com que informações falsas se espalham impacta não apenas o jornalismo, mas também a sociedade como um todo. Para entender melhor esse fenômeno e as possíveis soluções, conversamos com a professora Agnes Arruda, docente do curso de Jornalismo e do Programa de Pós-graduação em Políticas Públicas da Universidade de Mogi das Cruzes.
Segundo Agnes Arruda, que tem pós-doutorado em Comunicação e Cultura pela Uniso, a propagação de fake news está diretamente ligada a três fatores principais: a falta de educação midiática, a ausência de regulação eficaz dos meios e plataformas e a inexistência de mecanismos institucionais que garantam a aplicação dessas regulações. Esses elementos criam um ambiente propício para a desinformação, onde qualquer informação pode ganhar alcance massivo sem a devida verificação.
Quando se trata do impacto da desinformação nos jovens, a professora destaca que esse não é um problema exclusivo dessa faixa etária. “Não apenas quem é jovem, mas todas as pessoas são prejudicadas. Questões de segurança são sempre as primeiras que vêm à mente, mas ideologicamente é onde a gente mais precisa se preocupar.” Ou seja, além dos riscos diretos, como golpes e fraudes, as fake news também moldam percepções e opiniões, podendo influenciar o cenário político e social.
Ainda que haja iniciativas promissoras, Agnes acredita que a situação ainda é preocupante. “As iniciativas de combate às notícias falsas, como agências de checagem e ações educativas, se mostram muito eficientes e têm bons resultados, mas são poucas perto do tamanho do problema, que é inclusive econômico.” Isso indica que, apesar dos avanços, a desinformação ainda se espalha de forma desproporcional, tornando a batalha contra as fake news um desafio constante.
Com tantas informações falsas circulando, o jornalismo enfrenta o desafio de recuperar sua credibilidade e, para a professora, a solução está na essência da profissão: “Recuperando a sua essência de investigar e reportar com seriedade e compromisso com a sociedade, com base na profissionalização do serviço e nas condições justas de trabalho para esses profissionais.”
Quando questionada sobre uma solução definitiva para a questão das fake news, a professora afirma que a resposta passa por uma decisão política. “Como a maior parte dos problemas, a solução passa pela vontade política de transformar uma realidade.” Ou seja, além das iniciativas individuais e do papel da mídia, o combate à desinformação exige uma ação coordenada de governos, empresas de tecnologia e instituições para criar um ambiente digital mais seguro e transparente.
A luta contra a desinformação não pode ser travada apenas pelo jornalismo, mas exige a participação ativa de toda a sociedade. Enquanto iniciativas como agências de checagem e cursos de educação midiática avançam, a necessidade de regulamentação e compromisso político continua sendo um ponto-chave para conter a disseminação de fake news. O papel do jornalismo, nesse cenário, segue sendo essencial: investigar, apurar e oferecer à sociedade informações confiáveis, reforçando a credibilidade da profissão e promovendo um debate público mais saudável.