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Uniso Vida Toda estimula o aprendizado ao longo da vida

O programa da Universidade de Sorocaba promove a integração de idosos em atividades que fortalecem as relações sociais

Por Rafaela Sallum (Agência Focas – Jornalismo Uniso)

O programa Uniso Vida Toda, que nasceu com outro nome, surgiu entre as décadas de 1960 e 1970, ainda na Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras – instituição que fez parte da fundação da Universidade de Sorocaba (Uniso) – com atividades voltadas à comunidade local. As primeiras ações relacionadas especificamente ao envelhecimento e ao aprendizado ao longo da vida começaram a ser realizadas em 1998, num projeto que levava o nome de Núcleo da Maturidade, depois o programa passou a ser chamado de Universidade da Terceira Idade e, em 2023, numa atualização do conceito e numa votação entre os alunos, o programa passou a ser nomeado de Uniso Vida Toda.

A proposta do programa é oferecer cursos de curta duração com 10, 20 ou 30 horas e proporcionar um aprendizado ao longo da vida, promovendo a socialização e a inclusão dos idosos por meio de atividades diversas. É um projeto vinculado à pró-reitoria acadêmica desde 2010, tendo como objetivo o aprendizado ao longo da vida, com foco em pessoas de 50 anos ou mais, interessadas em atualizar seus conhecimentos, redimensionar seus projetos de vida e ampliar suas relações sociais. A terapeuta ocupacional e professora Maria Fernanda dos Santos, 43 anos, é a atual coordenadora do programa. “Existe uma preocupação social de incluir as pessoas idosas nos processos formativos, mas se você verificar o tempo que existe, é um projeto bem antigo que surgiu antes mesmo da cidade universitária, pois a Uniso sempre deu muito valor a esses espaços. O nosso movimento é para que ele continue a crescer e a se desenvolver.”

O primeiro coral da Uniso foi formado pela terceira idade e o maestro responsável, Cadmo Fausto Cardoso, 65 anos, está no comando desde 1997. Ele conta que a atividade tem um papel fundamental, principalmente na parte neurológica, porque quando cantam músicas da época de sua juventude ou mesmo de sua infância, as pessoas revivem memórias. “A partir do momento que você tem todo um trabalho emocional por cantar músicas que eram da época delas, então elas ficam muito emocionadas pelas vivências que já tiveram e isso ajuda na parte psicológica, emocional, refletindo na saúde e no convívio com outras pessoas”, comenta.  

Neusa Maria Hernandes, 77 anos, é professora aposentada e participa do coral há 26 anos. A professora relembra que ao longo desses anos fez aulas de francês e informática, mas o coral é o seu passatempo preferido no projeto. Como ela não está mais morando em Sorocaba, não tem conseguido participar de outras aulas porque tem vindo apenas uma vez por semana e o coral é a prioridade.

O repertório do coral é fixo e formado por clássicos da música popular brasileira e músicas sacras que as participantes, são todas mulheres, gostam bastante. O motivo de agradar tanto é que elas revivem memórias por meio das canções, como indicado pelo maestro.

Às terças-feiras são realizadas as aulas de canto. Estava prevista uma visita, no horário dessa aula no dia 16/9, do Professor Aldo Vannucci para falar sobre o novo livro “Homem Jesus”. Um entusiasta do programa, o professor Aldo seria homenageado pela turma que preparou uma seleção de músicas para apresentar, mas infelizmente o encontro precisou ser cancelado. Uma das músicas ensaiadas para a homenagem é “Tocando em Frente” de Renato Teixeira e Almir Sater. A canção é um clássico da cultura brasileira e fala sobre amadurecimento e aceitação, além de trazer a importância de seguir em frente com leveza. O maestro opina que antes da pandemia as apresentações tinham uma frequência maior, “depois da pandemia elas ficaram bem assustadas, então nós nos apresentamos uma ou duas vezes por ano”. 

No primeiro semestre de 2025, seis turmas foram formadas com um total de 78 alunos. Embora a idade inicial dos alunos prevista na proposta do projeto seja de 50 anos, a coordenadora Maria Fernanda conta que é as trocas entre gerações acontecem e são muito importantes. “A gente sempre frisa que pessoas com menos de 50 anos que queiram fazer curso aqui podem, principalmente pela troca intergeracional que acontece. Acreditamos muito nisso aqui.”  Ao longo dos cursos, os idosos que participam se beneficiam com novos aprendizados o que também promove a saúde do corpo e da mente. As atividades do programa também propiciam uma ampliação das relações sociais e a manutenção da autonomia e da independência. Maria Fernanda conclui que “incluir o idoso é muito importante já que a nossa sociedade está envelhecendo e nossos idosos devem ter participação ativa”.

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